Mostra do Bernini na Galleria
Borghese
A exposição está linda
e a
Galleria nunca esteve tão bonita com tantas obras do
grande maestro que praticamente “nasceu” com este espaço
espositivo ideado pelo grande Cardeal apaixonado por arte,
Scipione
Borghese. A exposição comemora os 20 anos da reabertura da
Galleria após o restauro.
Desnecessárias as apresentações desta galeria-museu tão
especial, pois já temos um
post sobre a Galleria e algumas das suas
obras principais.
Perfeito o percurso do
ponto de vista filológico, desde a maravilhosa Capra Amaltea
(por muitos anos considerada uma escultura helenística), passando
pelos trabalhos a quatro mãos com o pai, o famoso colchão do
hermafrodita (este sim, helenístico), até os crucifixos e os
Salvator Mundi (um de uma coleção americana e outro de uma
igreja de Roma).
Imperdíveis os modelos em argila; cristalização
de todo o seu pensamento e raciocínio antes de realizar a figura em
mármore, que já demonstram a graça, expressividade e sensibilidade
características do seu trabalho.
A sensação que temos ao
caminhar no interior da
Galleria Borghese neste momento é que ela
está feliz por estar no máximo da sua forma com tantas obras do
grande Mestro
Bernini.
Neste caso é interessante
iniciar do primeiro andar, para depois subir ao segundo; aliás, para
quem tem a possiblidade, dado o número de esculturas a serem vistas
e o pouco tempo à disposição, seria aconselhável concentrar-se
nas esculturas que não “moram” aqui, pois a permanência na
galeria é de duas horas medidas no relógio com avisos por
autofalantes que expulsam o visitante quando o tempo acaba.
Não por estarem em
posição de grande destaque no salão principal do primeiro andar,
mas por serem realmente muito especiais, “As Estações” de
Pietro Bernini (seu pai) nos fazem compreender o ambiente em que o
jovem Gianlorenzo vai crescer e se “alimentar” para desenvolver
seu talento. Este trabalho foi uma comissão para decorar fontes de
uma mansão que não existe mais e ficava perto da Praça da
República.
Digno de nota é o “Fauno
infastidito dai putti”, realizado com o pai, mas já com todo o
concentrado da carga teatral e a riqueza em detalhes da natureza e
das características humanas que o gênio vai desenvolver
brilhantemente com o tempo.
Para quem a conhece no seu
ambiente natural, é curioso ver a Santa Bibiana aqui, a primeira
escultura “vestida” realizada por Bernini no meio da numerosa
companhia pagã e sem a fonte de luz à qual é dirigido o seu olhar.
Lânguido o Sebastião, nos faz lembrar as anedotas famosas que
se contam sobre como Bernini causava dores ao seu corpo para poder
observar a mudança dos músculos faciais causados pelas contrações
– e aqui percebemos em parte a herança do grande Caravaggio, e
recebida e eximiamente elaborada por Bernini.
Dos bustos, nada é
comparável à beleza e intensidade de “Costanza”, sua amante.
Pungente o crucifixo em bronze de Toronto: uma obra que possivelmente
comoveria até ateus!
É o momento perfeito para
quem deseja se aproximar do Barroco ou ver uma série de esculturas
geniais das mãos do Bernini, que estudou os maestros antigos e
renascentistas e que nos prova definitivamente a capacidade da Arte
em transcender a matéria e nos levar cosigo.
Até dia 04.02.2018
Endereço: P.zzale del Museo Borghese
Horário de abertura: De 3a à domingo, das 8.30h às 19.30
Reservas obrigatórias: 06 32810
Site oficial:
www.galleriaborghese.it/
Tickets € 22
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