O Palácio Altemps em Roma
Em mais um museo que não nasceu para ser museu, mas era a residência renascentista de um cardeal tirolês, Marco Sitio von Hohenems, temos no Palácio Altemps de novo a prova que Roma é uma das cidades que nunca para de nos surpreender.
História do Palácio Altemps
O palácio foi construído entre os anos de 1477-1480 por Girólamo Riario, sobrinho do famoso Papa Sisto IV
(famoso por ter construído a Capela Sistina). Em 1568 o palácio foi
comprado pelo cardeal von Hohenms, que teve seu nome traduzido em "Altemps" em italiano. Aqui temos o dedinho de um outro famoso arquiteto de Roma no re-styling do palácio, Martinho Longhi (Igreja de São Bartolomeu na Ilha Tiberina, entre outras coisas).
O próprio palácio é uma construção maravilhosa, com afrescos (e às vezes ouro!) no seu interior e nas paredes da loggia do
pátio central, uma arquitetura elegantíssima que nos transporta no
tempo e nos faz entender mais uma vez que o nosso imaginário de riqueza
tem a sua origem aqui, na riqueza de Roma.
No interior deste palácio tem também uma igreja barroca dedicada ao papa Santo Aniceto com a sua sepultura (eventual mártire do II séc. d.C.). Normalmente a direção do museu coloca cantos gregorianos, tornando a estadia dentro deste ambiente ainda mais sugestiva.
Só o fato de passear por estas salas nos sentimos iluminados
por estarmos rodeados por tanta beleza; o fato de alimentar a nossa alma
nos causa um bem-estar incrível!
O cardeal Altemps colecionava arte antiga, paixão mantida por seu sobrinho Giovanni Angelo Altemps, cujas peças foram distribuídas por vários museus de Roma, mas aproximadamente cem esculturas ainda encontram-se aqui.
Coleção do Palácio Altemps
O que vemos neste palácio-museu hoje são coleções menores de famílias nobres (Altemps, Drago e Mattei) formadas entre os séculos
XVI e XVIII e peças do acervo das Termas de Diocleciano (para mim, o Museu mais difícil e um
dos mais preciosos de Roma, post logo mais).
Enorme e interessantíssima a seção egípcia, com uma
infinidade de pequenos objetos e pequenas ânforas em vidro mas também é
de excelente qualidade a coleção de esculturas greco-romanas.
Entre as peças de maior destaque, temos o Sarcófago Ludovisi
(250-260 d.C.), que representa a luta entre romanos e bárbaros, uma obra de arte de excelente qualidade e estado de conservação. Digno de nota é a execução das dos
retratos das fraccões que lutam, quase sem espaço para se
locomoverem, tantas são as representações de corpos humanos, escudos e
cavalos. A execução do relevo é extremamente profunda (típico para aquele período)
e, consequentemente, sofre muito a ação de luz e sombra. Incrível a
representação do defunto que aparece no centro, triunfante e sereno
enquanto puxa o seu cavalo "indomável". Do ponto de vista estilístico, é
uma grande diferença o que vemos aqui em relação aos sarcófagos gregos
(inspiração dos romanos), com seus relevos bidimensionais.
Interessante também o Trono Ludovisi, que os estudiosos acreditam ser um trabalho de uma oficina da cidade antiga de Locri Epizefiri (a Calábria de hoje)
do V séc. a.C., e que fazia parte de uma bacia ritual ou de um altar. A cena
representata seria a Afrodite que nasce da espuma do mar ou Perséfone
que retorna à terra do reino de Hades, ajudada por duas criadas.
Temos ainda uma imensa cabeça de Hera, o famoso Acrólito Ludovisi,
também do V séc. a.C. (Acrólito se refere a cabeça, mãos e pés em
mármore de uma estátua colossal; neste caso muito provavelmente a peça
também vem de Locri Epizefiri e também seria uma Afrodite ou Perséfone), Mercúrio, e peças interessantíssimas que vêm do Campo Marzio (zona assim denominada na antiguidade que é hoje para nós o centro histórico), mais precisamente dos templos dedicados a Ísis e Serápis.
Temos uma Afrodite romana do II séc. d.C., provavelmente inspirada na famosa Afrodite de Cnidos do escultor Praxíteles (IV séc.a.C.), em mármore de Carrara e vestida com alabastro florido;
sim, uma das vantagens da sua viagem à Roma é que vai conhecer um monte
de tipos de mármores e seu olho vai ficar cada vez mais afiado para
reconhecê-los.
Este rico espaço arquitetônico representa Roma tão bem com toda a classe de um palácio da nobreza renascentista e católica e que contém preciosidades da cultura greco-romana. Não passe batido por aqui!
Endereço do Palácio Altemps:
Piazza di Sant'Apollinare, 46 - perto da Piazza Navona
Horário de funcionamento:
Abertode terça a domingo, das 09h às 19:45h - excessões: il primeiro de Janeiro e 25 de Dezembro.
Tickets Palácio Altemps:
Inteiro € 7 - Meia € 3.50
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Bibliografia
Argan, G. C., Storia
dell'Arte Italiana, Milano,
Ed. Sansoni, 1988
Gombrich, E.H., Die Geschichte der Kunst, Frankfurt, Fischer Verlag, 2009 (1950)
Guida Rossa Touring
Enciclopédia Treccani on line: http://www.treccani.it/
Site Locri Antiga http://www.locriantica.it/reperti/ludovisi.htm
Museus em Roma:
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