"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
Apóstolo Paulo, Capítolo XIII, Epístola aos Corintos
A fachada, depois da reconstrução do incêndio de 1823, foto de
Cristiano
Esta basílica (em italiano San Paolo fuori le Mura, em latim Sancti Pauli extra muros) deve seu nome ao fato de estar fora dos muros aurelianos (o muro que protegia a antiga cidade, construído em ~275 d.C.) e ao fato de conter o corpo do Apóstolo Paulo, que chegou em Roma no ano de 61 d.C., e sofreu seu martírio em 67 d.C., na "palude Salvia", a menos de 2 quilômetros da basílica.
São Paulo com a espada no pátio da frente de São Paulo Fora dos Muros
As janelas de alabastro filtram a luz, criando uma atmosfera mística, São Paulo Fora dos Muros
O lugar onde hoje vemos a basílica era uma antiga necrópole romana e ali foi depositado o seu corpo, o mesmo que aconteceu com o corpo do Apóstolo Pedro.
Dado que a partir da morte de Paulo a sua tumba tinha se transformado em um lugar de culto, o Imperador Constantino mandou aumentar a Basílica, de modo que pudesse receber dignamente os tantos peregrinos que aqui vinham em peregrinação.
É importante ver esta igreja, pois ela nos permite ter uma visão do que deve ter sido a antiga basílica de São Pedro (também chamada de Basílica Constantiniana), antes que seus alicerces cedessem e o Papa Júlio II iniciasse a construção da nova basílica, em 1506.
A superfície da basílica de cinco naves conta com as dimensões de 131,66 m de comprimento, 65 m de largura e 30m de altura e perde somente para a Basílica de São Pedro! A sua estrutura é sustentada por uma verdadeira "floresta" de colunas de granito, 80 no total.
Do IVº ao VIIIº século
Durante os séculos, os Papas nunca pararam de decorá-la e embelezá-la. Leão, o Grande (440-661) mandou realizar mosaicos no Arco do Trinfo, restruturar o teto; foi ele que mandou iniciar a série de retratos dos papas, tradição mantida até hoje, outra razão pela qual esta igreja é famosa. São 265 os retratos dos Papas que adornam o alto das naves e dos transeptos.
No século VI, o Papa Simmaco mandou construir quartos para receber os peregrinos mais pobres. Desde o Papa Gregório II (715-731) temos a presença fixa de monges beneditinos nesta basílica; Leão III (795-816) mandou consertar os danos causados após o terremoto de 801.
Do IXº ao XIº século
O Papa João VII (872-882) mandou erguer a cinta murária para proteger a basílica e a sua abadia e Gregório VII (pontificado de 1073-1085), que tinha sido abate aqui antes de se tornar Papa, mandou elevar o piso do transepto e construir um campanário (destruído no século XIX), além da maravilhosa porta de entrada, composta por 54 painéis de prata.
No século XIII a basílica se enriqueceu muito de obras de arte. Papa Honório III (1216-1227) mandou reconstruir o mosaico da abside (de 12 metros de altura por 24 de largura) e em 1285 Arnolfo di Cambio construiu o maravilhoso cibório:
Cibório de Arnolfo di Cambio, fotos minhas
O famoso pátio:
Pátio, Basílica São Paulo Fuori Le Mura, foto minha
Pátio, Basílica São Paulo Fuori Le Mura, foto minha
Detalhe de coluna do Pátio da Basílica São Paulo Fuori Le Mura, foto minha
Neste século também foi realizado o candelabro pascoal de 6m, em mármore, inspirado pelos antigos sarcófagos romanos, com incisões de histórias do Novo Testamento.
A partir do século XIV, com a volta da comemoração dos jubileus, a sua fama aumentou e muitos peregrinos têm vindo visitar a igreja desde então.
Gregório XIII mandou construir o balaústre ao redor da tumba do santo e em 1600, Clemente VIII mandou elevar o altar maior. Em 1625 Urbano VIII financiou com o grande arquiteto Carlo Maderno a restruturação da Capela de São Lourenço.
No ano santo de 1725, Bento XIII pediu ao arquiteto Antonio Canevari para construir um novo pórtico; além disso ele construiu a Capela do Crucifixo para expor o crucifixo em madeira policromática do florentino Tino da Caimano, do século XIV. Ainda hoje podemos ver nesta capela um mosaico do século XIII, bem como uma estátua-relíquia de São Paulo em madeira policromática que "sobreviveram" o incêndio de 1823.
Pátio, Basílica São Paulo Fora dos Muros, foto minha
O incêndio de 1823
Na noite entre 15 e 16 de Julho de 1823 um incêndio devastou a basílica, deixando em pé apenas o cibório e alguns mosaicos; o transepto ficou em pé por milagre. O Papa Leão XII se encarregou do enorme trabalho de restauro, com grande ajuda internacional: o czar Nicolau I doou blocos de lápis lázuli e malaquita, que foram utilizadas para decorar o transepto e o rei Fouad I do Egito doou colunas e alabastro, com o qual fizeram as janelas, que filtram a luz e doam à esta basílica uma incrível atmosfera mística.
Em 1854, o Papa Pio IX consagrou a "nova" basílica em presença de vários cardeais e bispos que tinham vindo à Roma para a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição.
Para compreender Roma são necesessários anos de estudo de arte, arquitetura e arqueologia e outros tantos anos para aprofundar este conhecimento e escrever artigos como este. Escolha uma guia profissional pois ela fará uma grande diferença na sua estadia.
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Horário de abertura da Basílica de São Paulo Fora dos Muros:
- Abertura todos os dias das 07:00h às 18.30h, ingresso grátis.
- O pátio interno abre todos os dias das 08.00h às 18:15h, e o ingresso é de € 4,00 (meia-entrada: € 2,00).
Como chegar na Basílica de São Paulo Fora dos Muros:
- De Termini: Parada San Paolo Fuori Le Mura, metrô B (linha azul); do rio Tibre: ônibus nº23.Marcadores: basílica são paulo fora dos muros, italia para brasileiros, italia serviços turísticos, viagem na Italia com guia em português