Vale a pena fazer um bate-e-volta de Roma à Palestrina?
Vista da montanha Ginestro, com a cidade de Palestrina
Nós, felizes da vida, antes de entrar no museu!
Palestrina fica a 43 km de Roma, a 450 metros sobre o nível do mar.
A ocupação mais antiga deste território é do século VIII a.C., de acordo com sepulturas encontradas. Destas ruínas, inferimos que a sua população mantinha contato com os Etruscos e com o mundo grego do mar Egeu.
Os historiadores Tito Lívio (59 a.C. – 17 d.C.) e Dionísio de Halicarnasso (~ 60 a.C.– 7 a.C.) discutem sobre a sua relação com Roma, sobretudo sobre a data de quando foi definitivamente submetida à ela. A cidade seguramente adquiriu importância depois da IIª Guerra Púnica (218 a.C. - 202 a.C) e foi neste período que a urbanística de Praeneste foi o palco de grandes transformações que nós podemos observar ainda hoje!
Com a queda do Império e as declarações de Teodósio (ano de ~390 ) contra os cultos pagãos, o grande monumento foi ocupado e utilizado como moradia, o que da um lado o danificava, mas do outro mantinha a sua majestosa estrutura. Seguiram invasões de bárbaros e a ocupação dos Longobardos de Ataulfo no ano de 752.
O primeiro documento que menciona o nome moderno "Palestrina" é do ano de 873.
Em 1043, o feudo passou através de mecanismos hereditários à família romana Colonna e foi o seu refúgio durante os ataques de Cola de Rienzo (um político e tribuno dos plebeus que lutava contra os privilégios da nobreza). Essa família conseguiu manter o feudo até o século XVII, sofrendo muitas invasões (dos Borgia, em 1503, e do Duque de Alba, 1553).
Foi aqui que nasceu Pierluigi da Palestrina (1525 - 1594), pai da música polifônica. Ouça "O Magnum Mysterium" de Palestrina:
Em 1630 o feudo foi definitivamente vendido por Francesco Colonna a Carlo Barberini, irmão do Papa Urbano VIII, por 775.000 escudos (que em uma cotação fictícia de hoje seria equivalente a
€ 29.062.500).
No século XVIII o território teve um grande desenvolvimento agrícola e inúmeras tropas estrangeiras passaram por aqui: alemãs (1701; 1711), espanholas (1734; 1736), napolitanas (1799) e francesas (1802).
Entrada da Cattedrale di Sant'Agapito martire
Palestrina hospitou o quartel general de Giuseppe Garibaldi, em 1849 durante a segunda República Romana.
Entre 1895 e 1897, Heinrich e Thomas Mann também passaram muito tempo nesta cidade!
O Museo Archeologico Nazionale di Palestrina
Entrada do museu
Vista de tirar o fôlego da frente do Museu de Palestrina
O museu foi montado em 1956 dentro do Palazzo Colonna Barberini, construído em cima do santuário antigo do período helenístico da "Fortuna Primigênia", do séc. II a.C.. O acervo é constituído por inúmeros achados: colunas com símbolos funerários (cippi), bustos, bases funerárias, estátuas e objetos de uso quotidiano, provenientes da necrópole "Colombella" e da "Selciata" (arredores de Praeneste, hoje Palestrina).
Caprichando na pernada para descer e subir na área arqueológica na frente do museu
A nossa subida para o museu foi muito especial, pois tinham fechado uma rua, por isso passamos dentro de uma parte de um prédio da prefeitura (parte do antigo Foro de Praeneste), que tinha mosaicos que não ficam abertos ao público - o Antro delle Sorti. Como estávamos festejando os nossos aniversários, recebemos um presente muito especial: a senhora que estava cuidando daquela área naquele dia nos disse de esperar, atravessou o gramado e voltou com um balde de água.
Olhem o que ela fez:
O mosaico "desligado"
"Ligando" os mosaicos com água!
Olhem o efeito maravilhoso do pó indo embora e o mosaico "acendendo"
Mosaicos com temas marinhos, Palestrina
Mosaicos com temas marinhos, Palestrina
Mosaicos com temas marinhos, Palestrina
Na entrada do museu, temos a "Tríade Capitolina de Guidonia", do final do II século a.C., que representa Júpiter, Juno e Minerva no trono.
O complexo do santuário da "Fortuna Primigênia" foi um lugar de culto ativo durante o II séc a.C. e representa um grande exemplo de arquitetura cenográfica antiga: a área da cidade corresponde à da cidade que vemos hoje, existiam seis terraços artificiais interligados por escadas e rampas decoradas em estilo pompeiano, com preciosas incisões votivas e exedras ("construção descoberta de planta semicircular, com assentos fixos na parte interior da curva.", definição do site engenhariacivil.com) assimétricas. No centro tinha uma arquibancada semicircular, que foi englobada na construção do Palácio Barberini, construído no século XV pela potente família Colonna.
Sala do primeiro andar do museu: beleza com sabor de antigo e manieirista
Dentro do Palácio existem afrescos dos famosos irmãos Zuccari.
Sala do térreo do museu
Uma das salas mais interessantes é dedicada aos cultos antigos realizados em Praeneste. Outra sala imperdível é a sala com os grandes mosaicos helenísticos (ano ~ 80 a.C., de dimensões: 5,85 x 4,31 m) com o "Mosaico do Nilo", que veio do Foro de Praeneste e que representa cenas do Egito Antigo como a cheia do Rio, e a Alessandria, com (muito provavelmente) o palácio dos Ptolomeus. A simples visão deste grande e exímio mosaico é já razão para vir à Palestrina!
"Mosaico do Nilo", nós três, abobalhadas da beleza deste mosaico
Temos ainda mil coisas pra ver: esculturas e objetos relativos ao culto da Deusa Fortuna, além de outras esculturas do período helenístico e cópias de obras-primas gregas. A maior parte destes trabalhos foi realizado entre os séculos II a.C. III d.C. e são testemunhas do culto à deusa da fertilidade na antiga Praeneste. Outros achados nos contam como no final do II a. C ocorreu um precoce sincretismo entre a Deusa Fortuna Primigênia e a divinidade oriental Ísis (em mármore Bigio, isto é, de cor cinza).
A maquete no último andar do antigo Santuário da Deusa Fortuna Primigênia
Aproveite também para ver um dos famosos rilievi Grimani, aqui temos a javali fêmea com filhote, falei destes relevos no post sobre a Exposição "Augusto".
Fêmea de javali
Outras maravilhas de Palestrina contam com o Museu Diocesano de Arte Sacra, Museu della Resistenza e dos Onze Mártires; a Porta do Sol (o antigo portão de entrada da Palestrina de 1642, também realizado pela família Barberini), e se for Primavera ou verão, podemos passear no Parque Natural da Valle della Cannucceta!
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Museo Archeologico Nazionale di Palestrina
Endereço: Palazzo Barberini, Piazza della Cortina
Tel. 06/9538100 Fax 06/9538100
Horário de abertura: 9.00-20.00 (até o pôr-do-sol)
Entradas:
Inteira € 5,00;
Meia € 2,50 (18-24 anos)
Grátis para menoresde 18 anos e maiores de 65 com passaporte europeu
Museu Diocesano de Arte Sacra
Palazzo Vescovile, Via Roma 23 - Palestrina
Tel. 069534428 - Fax. 069538116
Horário de abertura:
- Quintas e Domingos: das 15:30 às 18:30
- Sextas e Sábados: 9:30 - 12:30 e 15:30 - 18:30
- Durante Julho e Agosto as aberturas de tarde são: 16:00 - 19:00
Entradas:
Inteira € 4,00
Meia: € 3,00
Museu della Resitenza e degli Undici Martiri
Via Pedemontana - 00036 Palestrina (RM)
tel: 06 9573176
Visitas sob reserva: +39 06/95302272-271
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