Basílica de São Lourenço, Milão

Aqui vai um pouco de Milão, já que tenho tido muitos viajantes para esta destinação, que vão passear com a nossa guia em português, Anna.

Basílica de S. Lourenço, foto de Ciccio Pizzettaro


É um importante edifício da Igreja Católica em Milão, primeiramente construído na época dos romanos e modificado muitas vezes no decorrer dos séculos. Esta basílica é uma das mais antigas de Milão e foi construída fora dos muros da cidade, na Via Ticinese, uma estrada que ligava Milão à Pavia.
A basílica foi construída sobre uma colina artificial para evitar  de inserir os alicerces em terreno pantanoso, perto da principal entrada da cidade, a Via Ticinensis, perto do palácio imperial e do anfiteatro, de onde foram retirados parte dos materiais para a construção do templo. O complexo era circundado por vários cursos de água que se uniam para formar a Vettabbia, que é um canal para o qual afluem as águas piovanas milaneses, com direção às zonas agrícolas, ao sul da cidade.

A construção original foi feita entre o fim do IV séc. e início do V séc. e ainda têm-se muitas dúvidas a respeito de quem mandou construí-la. Alguns historiadores atribuem a sua construção ao imperador Valentiniano I (321 d. C.- 375 d. C.- ) ou Valentiniano II (371 d. C.-392 d. C.), através do Bispo Aussêncio (355 d. C.- - 372 d. C.). Outros historiadores datam a fundação desta igreja a um período posterior, entre 390 e 402, e atribuem a comissão a Teodosio I ou a Stilicone. Em todo o caso, no seu tempo, esta igreja era a maior com planta centralizada do seu tempo (planta baixa simétrica) no ocidente. A dedicação do templo a São Lourenço é atribuída no ano de 590, quando Milão já era dominada pelos longobardos.

Colunas de S. Lourenço, foto de Ciccio Pizzettaro

Nos séculos seguintes inicou-se uma grande decadência em Milão e na Itália, em geral. Apesar disso, a Basílica de São Lourenço continuou sendo frequntada pelos milaneses: como foi construída numa pequena colina artificial, adquiria o valor simbólico do Monte das Oliveiras e no Domingo de Ramos o bispo benzia os ramos e oliveiras e guiava uma procissão que ia da basílica ao centro da cidade, até a Basílica de Santa Tecla.
Os séculos XI e XII foram cenários de várias calamidades, como incêndios (sobretudo o terrível fuoco della Cicogna de 1071, que devastou a basílica) e terremotos, que abalaram as suas estruturas ao ponto de ser necessário iniciar os trabalhos de restauro entre os séculos XII e XIII. Na metade do séc XI, o espaço nas costas da basílica, chamado Vetra, foi escolhido para execuções capitais, costume que durou até o ano de 1840 e doi descrito pelo escritor Alessandro Manzoni na sua "História das colunas infames".
Os novos muros da cidade medieval abraçaram a basílica em 1167, ao lado do novo "Porta Ticinesa".

Por toda a idade média a Basílica de São Lourenço foi um símbolo de herança do império romano, particularmente depois da destruição dos outros resquícios romanos por Barbarossa. No Renascimento, o templo transformou-se num símbolo de cânone clássico perdido, procurado pelos humanistas, e foi estudado por Bramante, Leonardo e Juliano de Sangalo. São encontradas diversas referências em pinturas da época.
Dia 5 de Junho de 1573, a cúpola da basílica caiu repentinamente, graças a Deus, sem causar vítimas! Os trabalhos para a reconstrução foram concluídos em 1619.
Dutante o restauro aconteceu um milagre predito pelo arcebispo Carlo Borromeo: um ano antes da sua morte, em 1585, uma mulher doente foi curada na frente do quadro da "Madona do leite", que ficava esposto na Praça da Vetra. A partir daí, as oferendas se multiplicaram e o trabalho de restauro foi acelerado. Em 1626, quando todos os trabalhos de restauro foram completados, o quadro da "Madonna do leite" foi transferido ao altar maior, onde se encontra até hoje.
Nos anos '30 do século XX, o governo austríaco iniciou um desenvolvimento da Vetra (praça atrás da basílica): casas onde moravam curtidores de couro foram demolidas, o canal foi coberto e as execuções, abolidas. Depois dos bombardamentos de 1944-1945, as casas destruídas não foram reconstruídas e foi criado o Parque das Basílicas, do qual se tem uma linda vista do complexo.

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