Uma das primeiras coisas que quis ver em Roma quando cheguei pela primeira vez, foi a Basílica di San Pietro in Vincoli (São Pedro Acorrentado, em português).
Foto de Leví Pereira
O interesse de Freud pela figura esculpida de Moisés sempre me causou muito interesse quando era uma jovem e entusiasmada estudante de Psicologia na Puc de São Paulo. ”Visito diariamente o Moisés e acho que poderia escrever umas poucas palavras sobre ele”, escreveu à sua esposa. Freud estudou a posição das mãos e interpretou os "chifres" de Moisés. Naquele período a curiosidade se sedimentou dentro de mim e fiquei esperando o momento em que eu poderia ver com os meus próprios olhos esta importante escultura que tinha marcado uma mente tão brilhante como a sua.
Michelângelo escolheu a passagem Ex 32, 1-24 (O bezerro de ouro) para representar este grande personagem bíblico. Seu trabalho tinha sido comissionado pelo Papa Júlio II (Giuliano della Rovere), para a sua monumental sepultura na Basílica de S. Pedro - mas no final das contas, o plano megalomaníaco da sepultura não deu certo e a parte que tinha ficado pronta foi parar em S. Pietro in Vincoli. O desenho original da sepultura era constituido por mais de 40 estátuas, tarefa que implicou em uma estadia de oito meses de Michelangelo em Carrara, escolhendo peças de mármore na pedreira.
Moisés, foto minha
Quando Papa morreu em 1513, Michelângelo tinha terminado somente o Moisés e alguns Escravos moribundos, que se encontram hoje em Florença e em Paris.
Os chifres do patriarca judeu que sempre causaram perplexidade, se devem a um erro de tradução do aramaico, onde a palavra „qāran“ (קָרַן) foi traduzida na Vulgata (primeira tradução da Bíblia para o Latim) como "chifrudo" e não como "coroado" ou "iluminado" - foi essa a razão para esta tão original representação!
Alguns alunos de Michelângelo terminaram a sepultura, mas o corpo do Papa só chegou nesta Basilica em 1610.
A igreja foi construida em 442, por ordem de Licina Eudóxia, filha do Imperador Teodosio, para conter as famosas correntes que mantiveram São Pedro em cativério na prisao Marmetina; a Basílica é também chamada por esta razão de "Eudoxiana". O prédio que vemos ao lado era um convento, hoje Faculdade de Engenharia.
A entrada com o pórtico de cinco arcadas, foi um trabalho feito pelo Papa Julio II ( papado entre 1503-1513).
Interior da igreja
Foto de Leví Pereira
A navada central possui colunas dóricas.
Logo à esquerda depois da entrada, tem a sepultura dos irmãos Antonio di Jacopo Benci, chamados "Antonio Pollaiolo", famosos escultores e pintores florentinos. Seguem várias sepulturas ricamente decoradas com esculturas alegóricas de importantes personagens da Igreja.
À metade da navada, note o mosaico com a única representação de S. Sebastião já ancião.
A igreja possui três ábsides: no altar à direita, tem um Santo Agostinho de Guercino e um retrato do Cardeal Margotti de Domenichino.
O afresco no teto é de Giovanni Battista Parodi e representa o "Milagre das correntes do apóstolo Pedro".
No altar da sacristia, você vê a corrente que dá o nome à igreja em uma caixa realizada em 1477 por Cristoforo Foppa (também chamado de "Caradosso").
Foto de Leví Pereira
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